“Era fim de tarde quando Ana percebeu que não via o filho há quase duas horas. Procurou pela casa e o encontrou no quarto, sentado na cama, olhos vidrados na tela do celular, com a luz azul refletindo no rosto. — Filho, vamos jantar? — ela perguntou. — Espera, mãe, só mais um minuto… Mas esse ‘minuto’ parecia não ter fim.”
Essa cena parece familiar? Muitos pais vivem diariamente essa batalha silenciosa contra o excesso de telas. O que deveria ser uma ferramenta poderosa de aprendizado e conexão virou, em muitos casos, fonte de isolamento, irritação e até conflitos familiares.
E acredite: não é exagero. O uso excessivo de telas já foi catalogado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como doença. Mas, ao mesmo tempo, é possível mudar esse cenário. E foi isso que Ana descobriu ao aplicar algumas estratégias da educação empreendedora que vamos compartilhar aqui: 10 dicas práticas da educação empreendedora para ajudar seu filho(a) a reduzir o tempo diante do celular sem traumas e fortalecer o vínculo familiar.
Por que o celular prende tanto a atenção dos nossos filhos?
No caso de Ana, o filho João, de 12 anos, passava horas jogando online com os amigos. Cada vitória no jogo era uma explosão de dopamina, uma sensação prazerosa que fazia ele querer continuar sem parar.
E não é diferente com a maioria das crianças e adolescentes. As empresas de tecnologia criam aplicativos e jogos que funcionam como pequenas “armadilhas” de atenção. Cada notificação, cada curtida, cada recompensa rápida prende o cérebro em um ciclo difícil de interromper. É como se fosse uma recompensa instantânea que o cérebro começa a buscar cada vez mais.
O problema é que, quanto maior essa busca, menor a tolerância ao tédio e maior a dificuldade de se concentrar em tarefas que exigem esforço, como estudar, praticar um esporte ou até conversar em família.
Mas quem deve ensinar equilíbrio? Nós, pais. E é aqui que entra o papel de liderança.
O papel dos pais como líderes
Ana percebeu que não adiantava cobrar disciplina do João se ela mesma passava horas no celular rolando as redes sociais. Foi aí que ela mudou a postura: passou a estabelecer regras claras para ela e para ele. E, com paciência, os dois aprenderam a respeitar os limites.
Ser pai ou mãe dá trabalho. É cômodo deixar o filho no celular enquanto descansamos, mas liderar na família é justamente assumir esse esforço de orientar, conversar, corrigir e inspirar pelo exemplo.
10 dicas práticas para reduzir o tempo de tela
Chegou a hora de partir para a prática utilizando a educação empreendedora. Veja estratégias que podem transformar a rotina na sua casa:
1. Defina metas e planos com seu filho
Converse sobre um sonho ou objetivo que ele tem. Pode ser aprender um esporte, comprar algo especial ou até conquistar uma nota melhor na escola. Mostre que o tempo perdido no celular poderia estar sendo usado para alcançar esse objetivo.
2. Mostre boas referências
A internet está cheia de exemplos ruins, mas também oferece referências inspiradoras. Apresente influenciadores, atletas, empreendedores ou artistas que possam servir de modelo positivo.
3. Ensine sobre esforço e disciplina
Ajude seu filho a entender que a vida não é feita só de coisas prazerosas. Muitas vezes precisamos fazer o que não gostamos para chegar onde queremos. Essa consciência aumenta a maturidade e reduz a resistência quando falamos de limites.
4. Estabeleça acordos claros
Defina juntos horários e situações em que o celular não pode ser usado: durante as refeições, nos estudos ou antes de dormir. Isso gera senso de responsabilidade e previsibilidade.
5. Crie consequências consistentes
Se as regras forem quebradas, aplique consequências de forma firme e amorosa, como reduzir o tempo de tela no dia seguinte. Consistência é fundamental para que os filhos respeitem os limites.
6. Dê o exemplo
Nada funciona se os pais passam o dia no celular. Se você também limita o seu uso, seu filho entenderá que o acordo é válido para todos.
7. Incentive atividades offline
Promova esportes, passeios, brincadeiras em família, jogos de tabuleiro e leitura. Quanto mais alternativas reais, menos o celular será visto como única opção.
8. Use a tecnologia a favor
Mostre que o celular pode ser uma ferramenta de aprendizado. Um curso online, um aplicativo de idiomas ou até um projeto de robótica são formas de transformar a tecnologia em aliada.
9. Passe tempo de qualidade em família
Crie momentos especiais longe das telas. Pode ser cozinhar juntos, andar de bicicleta ou até uma noite de filmes em que o celular fica guardado. Esses momentos fortalecem vínculos e reduzem a dependência digital.
10. Acolha e ofereça alternativas
Ao reduzir o uso do celular, não basta apenas “tirar” a tela. É importante oferecer alternativas prazerosas e acolher as frustrações. Ensinar seu filho a lidar com o tédio é fundamental para o desenvolvimento da criatividade e da resiliência.
O resultado
Depois de algumas semanas, João já não pedia o celular com tanta frequência. Descobriu prazer no violão, melhorou o foco nos estudos e passou a participar mais das conversas em família.
Ana percebeu que a transformação não estava em “tirar” o celular, mas em mostrar novos caminhos e caminhar com ele.
Conclusão: equilíbrio e protagonismo
O celular não precisa ser visto como vilão. Ele pode ser um aliado no aprendizado e até na convivência familiar, desde que usado com equilíbrio.
Assim como Ana, você também pode assumir a liderança em casa, estabelecer acordos e abrir espaço para que seu filho desenvolva novas habilidades, que são as habilidades empreendedoras que tornarão seu filho(a) protagonista da própria vida para transformarem sonhos em realidade.
Obrigado e até o nosso próximo encontro.
Evandro Conti
Eu S/A Escola de Empreendedorismo
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