Recentemente, conversei com um pai cuja filha participou de uma aula experimental conosco. Nessa aula, abordamos o tema dos comportamentos empreendedores, pois um dos nossos cinco pilares de conteúdo engloba os aspectos socioemocionais e então falamos sobre inteligência emocional, comportamentos, habilidades e atitudes relacionadas à cultura empreendedora.
O pai me relatou que a filha havia gostado da aula, porém não era o que ele estava procurando.
Então perguntei a ele o que ele queria?
Ele respondeu que procurava algo diretamente ligado ao empreendedorismo.
Argumentei, então, que os comportamentos empreendedores também faziam parte do empreendedorismo.
Ele insistiu que queria algo relacionado às empresas, para que a filha pudesse vivenciar o dia a dia empresarial.
Novamente, argumentei que o empreendedor, antes de tudo, precisava desenvolver o comportamento para superar desafios que encontrará em sua vida, como lidar com as próprias emoções, questões de relacionamento interpessoal, e demais atitudes para alcançar resultados e sonhos, até mesmo dentro das empresas.
O pai agradeceu, mas optou por não inscrever a filha.
Esse é um paradigma que enfrentamos ao falar sobre empreendedorismo. Arrisco dizer que 99% dos pais com quem conversamos entendem o empreendedorismo apenas como “mexer com empresas”. No entanto, o empreendedorismo é muito mais do que isso!
Hoje, vamos desmistificar esse paradigma.
Pensem comigo! Vamos enumerar alguns pontos:
1 – Estamos em um país com uma das taxas de juros mais altas do mundo, o que encarece os empréstimos e financiamento, favorecendo as aplicações financeiras e dificultando os empréstimos, financiamentos e o envolvimento das pessoas em investimentos de alto risco. Tem que ter muita coragem para contratar empréstimos e financiamentos por aqui ou investir em empresas e até mesmo ser um empresário!
2 – A legislação tributária é, talvez, a mais complicada do mundo. É imposto sobre imposto, um emaranhado de leis, burocracias e detalhes. De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, surge uma média de 46 normas tributárias por dia no Brasil, isso significa que, se você é empreendedor/empresário, você, sua equipe ou sua contabilidade podem “errar” em algum momento, o que pode resultar em autuações e multas.
3 – A legislação trabalhista brasileira é outra coisa de outro mundo. É complexa, burocrática e novas leis surgem constantemente, sem acompanhar a evolução do mundo. E os advogados agradecem.
4 – Estive em um evento na Fiemg (Federação das Indústrias de MG) no qual participaram advogados tributaristas, trabalhistas e agentes do fisco. O consenso foi que a fiscalização no Brasil é uma das melhores do mundo, destacando-se pelo uso avançado da tecnologia.
5 – Segundo dados do Sebrae, 70% das empresas abertas morrem antes dos 3 anos.
E posso enumerar vários outros itens.
Diante desses dados, quem em sã consciência gostaria de abrir uma empresa no Brasil?
Então, antes de tudo, é necessário ter os comportamentos empreendedores para querer abrir uma empresa aqui. Será preciso ter muita resiliência, determinação, disciplina, foco, conhecimento o tempo todo, isto é, o lifelong learning, pois será necessário compreender um pouco de tudo no início, planejamento, finanças, pessoas e por aí vai!
Agora, vamos falar do socioemocional.
Segundo Simon Sinek, um grande consultor empresarial mundial: “Se as empresas são feitas de pessoas e se você não entende de pessoas, então você não entende de negócios.” E segundo Abílio Diniz, fundador do Grupo Pão de Açúcar e um dos maiores empreendedores brasileiros: “As empresas são feitas de gente e processo. E os processos são “a gente” que faz”. Então entenda de gente!
Portanto, se você não tiver inteligência socioemocional e um bom relacionamento interpessoal, não conseguirá montar um time para alcançar os resultados.
E quanto ao conceito de empreendedorismo?
Observe o que o Janguiê Diniz, um grande empresário no setor de educação, empreendedor, investidor anjo em diversas startups, diz: “Engana-se quem pensa que empreender é apenas abrir empresas, ter CNPJs. O empreendedorismo é estilo de vida e começa pelo CPF.”
Isto é, começa por você, pelo seu CPF, suas habilidades, competências, conhecimentos e atitudes empreendedoras. É aquele comportamento de se arriscar!
Como sempre falamos, o empreendedorismo é um estado de ser. Você é empreendedor. Você tem o espírito empreendedor para alcançar os seus objetivos e sonhos. Um músico, um atleta, um engenheiro, um médico precisarão desses comportamentos empreendedores, seja dentro de uma empresa (o que chamamos de intraempreendedor), ou fora dela, para alcançar metas, objetivos e sonhos, podendo até se tornar um empresário.
Steve Jobs, fundador da Apple, respondeu em uma entrevista sobre o que ele achava das pessoas que abrem uma empresa com a finalidade de ficarem ricos.
Ele disse que achava isso uma bobagem, pois ele e seu sócio inicialmente tinham o foco em montar um computador pessoal para os ajudarem nos cálculos pessoais. No entanto, a demanda pelo produto que eles desenvolveram foi grande, levando-os a contratar mais pessoas. Ou seja, montar a empresa foi uma consequência e não uma finalidade.
E o futuro do trabalho?
As empresas estão cada vez mais em busca de colaboradores com perfil empreendedor que tenham uma visão de dono, focados em lidar com pessoas e alcançar resultados.
E as soft-skills também conhecidas como habilidades? E que agora também são conhecidas como skills-first segundo o relatório The Future Of The Jobs do fórum de Davos em 2023.
O novo relatório Future of Jobs de 2023 alerta que o que antes era considerado um diferencial agora é um fator chave para as empresas: a priorização das habilidades.
Se até aqui, o histórico da carreira, cargos e diplomas foram os nossos maiores guias para identificar os melhores profissionais, agora uma nova abordagem surge para colocar como prioridade o desenvolvimento de habilidades e competências – o que o relatório chama de “Skills First”.
Em vez de tradicionalmente se concentrar em qualificações acadêmicas, experiência de trabalho anterior ou cargos ocupados, a abordagem “Skills First” prioriza a avaliação dos conhecimentos, aptidões e habilidades específicas que os colaboradores possuem e podem aplicar em suas funções.
E tem mais!
Nove em cada 10 profissionais são contratados pelo perfil técnico e demitidos pelo comportamento. É o que aponta o levantamento da Page Personnel, consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão.
O estudo leva em conta as respostas de 1.400 executivos de recursos humanos de janeiro até agosto de 2018 de empresas de diversos tamanhos e setores.
De acordo com Renato Trindade, gerente da Page Personnel, “O profissional precisa ter uma forte inteligência emocional e buscar novas habilidades, como trabalhar em equipe, respeito ao próximo, inspirar e desenvolver pessoas. Muitos executivos acabam sendo atropelados pelo próprio ego e pagando um preço alto, muitas vezes acarretando demissão”, explica.
Por isso é que temos os “aspectos socioemocionais” como um dos cinco pilares do nosso conteúdo do curso de empreendedorismo para jovens.
Lembrando que os alunos aprendem brincando e através de uma linguagem apropriada às idades.
E o que você está esperando? Agende uma aula experimental para o seu filho e conheçam mais sobre a nossa metodologia.
Espero vocês! Um abraço e obrigado!
Evandro Conti
Eu S/A Escola de Empreendedorismo
