Vamos falar de uma dica que interfere tanto na inteligência emocional e financeira.
Algumas pessoas me perguntaram: mas, Evandro o que este tema tem a ver com empreendedorismo?
Eu respondo: Tudo!
O empreendedorismo é você preparar o seu filho para encarar os desafios da vida em busca dos seus objetivos e, para isso, ele precisa também da inteligência emocional e financeira.
Como assim?
Você pode começar desde cedo fazendo o seu filho saber a esperar e, consequentemente, controlar a ansiedade.
E o que tem a ver com a inteligência emocional?
Os filhos têm nascido na era touch, isto é, têm tudo na ponta dos dedos no tablet, no celular, no controle remoto, sem fazer muito esforço e de imediato.
Nós, pais, que estamos em um ritmo frenético de trabalho e pelo amor incondicional que existe na relação de pais e filhos, temos o hábito de superprotegê-los. Fazemos tudo o que eles pedem e, muitas das vezes, sem as palavras mágicas: por favor e obrigado. Acontece que quando o filho vem, não vem com um manual. Então ficamos perdidos.
E essa atitude começa cedo. Lá pelos 4 meses de idade, quando os bebês já estão mamando, com peso, e choram pelo leite. E a mãe sai desorientada para atender o desejo, sendo que o filho aguenta esperar você, mãe, terminar de fazer o que estava fazendo. Esperar uns minutinhos não faz mal. Não vai fazer o bebê passar fome.
É um: pai, traz água para mim! Pai liga a televisão! E a gente vai lá e faz! Sem saber que estamos estragando os nossos filhos. Eles nem esperam. Dá 2 segundos e já gritam: pai cadê a água que te pedi! Mas sabe por que nós, pais, é que estamos estragando os nossos filhos permitindo que eles não saibam esperar? Sendo que eles têm perfeitas condições de se levantarem para pegar a água ou para ligar a televisão.
Pai, quero ser o Messi. Aí, nós, pais, vamos lá compramos o uniforme do time, colocamos em uma escolinha e aí o filho já se acha o Messi. Dá uma semana, um mês, 3 meses e aí o filho já fica entediado de treinar, porque não virou o Messi. Aí ele quer ser Youtuber. Os pais compram um excelente computador, uma câmera, um microfone. Aí o filho faz um vídeo, posta e não tem os milhões likes e os milhões inscritos. Faz o segundo vídeo, o terceiro e aí desistem. E aí querem virar gamer.
Mas, Evandro, o que tem isso com a formação do meu filho?
Esses episódios que relatei são fatos verídicos e acontecem com frequência.
Atender de prontidão os desejos do seu filho atrapalha no desenvolvimento da inteligência emocional e financeira deles.
Nem tudo na vida nós temos ao nosso tempo. Temos que lutar, estudar, aprender, treinar e trabalhar, muito, para conseguir algo. Existe um processo, um caminho para alcançar um objetivo, um sonho. Esse processo é de aprendizado.
Exemplo: para ser um atleta você vai precisar de treino, muito treino e estudo.
Para ser um engenheiro, você vai precisar de estudo e prática, muito estudo e muita prática.
E aí é que existe a frustração nas crianças e futuros adultos, pois eles não conseguem aquilo que estão acostumados a ter tudo o que querem naquele momento. Para conquistar algo, precisa do processo de conquista, de aprendizado, de dedicação, trabalho, disciplina, foco e consistência. E são os comportamentos da cultura empreendedora!
A mesma coisa acontece com o lado financeiro.
Qual é o erro que muitos cometem?
É quererem um bem de imediato, mas para isso, eles antecipam o bem (sonho), comprando um bem financiado e pagando juros. Seja por vaidade, por querer andar com um carro zero do ano e sem ter condições. Os bancos agradecem. E muito!
Vou dar um exemplo simples:
Fiz uma simulação em uma financeira de um banco para vocês entenderem o que estou falando.
Simulei a compra de um veículo zero no valor de R$ 50.000,00. Foi liberado o valor de R$ 30.000,00 financiado em 60 parcelas de R$ 839,68. Sendo que R$ 20.000,00 tenho que dar de entrada.
Fazendo uma conta grosseira para vocês entenderem, não vou levar em consideração juros compostos e o dinheiro no tempo. A conta de 60 x R$ 839,68 é igual à R$ 50.380,68. Isto é, você vai pagar aproximadamente R$ 20.380,68 de juros ao banco, pois o valor que ele te emprestou foi de R$ 30.000,00 e ao final você pagou R$ 50.380,68, isto é, você jogou fora R$ 20 mil reais para o banco, e ele agradece.
Detalhe que, durante o financiamento, o carro não é seu. O carro fica em garantia do banco e se você não pagar o financiamento, o banco te toma o carro e você perde o que já pagou.
Sem contar que no caso do carro zero, ao retirar da concessionária, ele já desvaloriza aproximadamente 25%.
Por isso é importantíssimo prepararmos os filhos a saberem a esperar, a lutarem pelos objetivos e que tudo dá muito trabalho para ser conquistado. Se fosse fácil, não teria graça e todo mundo conquistaria.
Fica a reflexão para a preparação dos nossos futuros empreendedores.
Abraços,
Evandro Conti
Eu S/A Escola de Empreendedorismo